13 de abril de 2008

Na Revista Bacana por Abonico Smith


Figurinha carimbada do rock soteropolitano, Luisão Pereira não sossegou depois do fim das atividades da Penélope, sua mais conhecida banda e que chegou a causar burburinhos na cena indie nacional no final dos anos 90 para logo depois engatar três discos por grandes gravadoras. Ele ampliou o leque de atuação instrumental (além da guitarra, pasou a explorar mais pianos e teclados, baixos e programações eletrônicas) e profissional (gravou jingles publicitários, temas musicais para curtas e longas-metragens mais programas de televisão. Em 2006, lançou um álbum solo, Nota de um Samba Só. Já carioca Fernanda Monteiro tem formação erudita. Toca violoncelo em orquestra sinfônica e grupos de câmera. Participou de concertos e gravações de DVD de cunhomais emepbístico, como Carlinhos Brown, Beto Guedes e o espetáculo A Ópera do Malandro.


Entre as atividades individuais e a vida de casal em Salvador, eles tocam em frente o DoisEmUm desde setembro de 2007, com o lançamento do primeiro EP, que leva o nome do duo. Como o nome já explicita, eles unem suas habilidades e formações diversificadas em um projeto que aposta na interface entre bossa nova, easy listening, eletrônico e pop dos bons. A voz doce e suave de Fernanda – que guia quase todas as músicas – mais a temática extremamente passional (os versos são recheados de cores, frescores, amores e dores) chega a remeter à Nara Leão do passado e do presente (na releitura por sua xará, Fernanda Takai, do Pato Fu). E Luisão é o cérebro criativo, assinando arranjos e as composições – solo ou com o parceiro Mateus Borba. Tudo na mesma, que por vezes se traveste de estúdio.



Segundo Luisão, tanto o surgimento da dupla (musicalmente falando) quanto ao uso de sons/coisas que remetem a toda essa fusão de estilos. "Foi tudo natural e descompromissado, nada pensado mesmo! Estava começando a compor e gravar aqui em casa o que seria apenas mais algumas músicas novas. Minha voz é terrível e, um dia, tentando fazer o registro de uma delas, Fernanda sentou ao meu lado e começou a cantarolar um pedaço da canção. Naquele momento vi que era a voz perfeita para aquilo que havia acabado de gravar e onde faltava algo. O algo era ela", conta.



Quanto à múltipla sonoridade, Luisão garante que é a soma de tudo o que eles ouvem e gostos. Apesar das formações diferentes como instrumentistas, existem muitas convergências nos gostos. "Mas há também muita coisa que eu não conheço e que ela me mostra e vice-versa. Aliás, vem daí o nome da dupla!".



"Eu Sempre Avisei" e "Deixa" são os destaques contrastantes do EP. A primeiraé uma tremendo lamento no melhor estilo Lupicínio Rodrigues – seja na dor-decotovelo, seja no pano de fundo rítmico, que remete ao samba-lamentação do qual o gaúcho é o expoente máximo. Já a outra é o momento pós-fossa de um casal. E até ganhou um singelo clipe feito com uma câmera fixa, três mãos, uma folha de papel e muitos rabiscos e desenhos.
Na quarta-feira de cinzas, o casal jogou uma música novinha na rede. "E Se Chover?". O detalhe a mais fica com leves pinceladas de um certo " psicodelismo sinfônico" a la Mutantes. Aqui é reeditada a parceria autoral de Luisão com o poeta e letrista baiano Mateus Borba, que já dera frutos em "Vai Que De Repente" (também presente no EP) e "Deixa" (no clipe, é de Mateus a terceira mão).

O primeiro álbum da dupla está previsto para este ano.

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